As palavras são como as cerejas na boca da minha Pitoca

Ela: mãe, tu enganaste no caminho?
Eu: não. Porquê?
Ela: porque às vezes tu enganas-te.

Ela: estás contente?
Eu: estou sim, porquê?
Ela: porque eu de manhã calcei os meus sapatos e tu pensavas que eu ainda estava descalça.
Eu: pois foi filha.
Ela: tu ficaste muito contente.
Eu: estás contente tu?
Ela: estou, mas eu queria que tu fosses buscar-me cedo a casa da avó.
Eu: não consegui.
Ela: estás feliz agora mãe?
Eu: estou. Olha, tenho uma filha que eu amo, um marido que eu amo, uma casa, um carro, familia, e tudo e tudo, por isso estou muito feliz. Sabes só o que me falta? Um bebé.
Ela: na tua barriga?
Eu: sim.
Ela: hum, eu vou arranjar-te um.
Eu: hã? onde?
Ela: no mai (leia-se mar, mas eu só decifrei com o seguimento), num peixinho. E queres com cabeça ou sem cabeça?
(Esta eu não entendi)
Eu: com cabeça, claro.
Ela: grande ou pequena?

Eu: olha obras! Será que é o gás? era tão bom que fosse o gás e que fosse para a nossa rua também.
Ela: era bom era, assim já não tinhamos que comprar mais gás.
(Estou sem palavras)
Ela: assim o nosso chuveiro não dava mais água quente, água fria, água quente, água fria. E a luz também.
Eu: a luz? Mas nós temos luz em casa.
Ela: mas anteontem (descobriu recentemente esta palavra) não havia luz e eu chorei.

Uff.
Esta viagem foi de cerca de 2 km.
Imaginem numa viagem de 200 ....