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A Pitoquinha

gosto tanto de ti que nem sei

15.5.09

A guerra da moda ou das modas

Se é um facto que os filhos não trazem livro de instruções, também não é menos verdade que acabam por ser todos iguais, uma mais outros menos, mas passam todos pelas mesmas fases.

Longe vai o tempo em que as birras da manhã eram sobre os vestidos cor-de-ros.
A miuda recusava-se a vestir qualquer coisa que não fosse um vestido e ainda por cima cor-de-rosa.
Como o tempo de manhã era, e continua a ser, escasso, e porque não me apetecia começar o dia com gritaria e choro, resolvi que não valia a pena comprar roupa gira mas sim que tinha que comprar vestidos cor-de-rosa. Assim evitava a birra, evitava ter que ceder para me despachar (porque ela sabe ser muitoooooooooooo persuasiva, ou teimosa, ou irritante) e ela não percebia que tinha ganho a batalha, porque não havia batalha.

Pois bem, resolvido o problema dos vestidos cor-de-rosa o tempo foi passando e com ele a cor da roupa.

Agora a birra é porque: não é uma "princesa" mas sim "maria-rapaz".
Então o que quer a miuda vestir agora?
Calças de ganga azuis; calças de ganga pretas; calças de ganga castanhas; calças de ganga cinzentas, enfim... calças de ganga, mas também podem ser calções de ganga; mini-saias de ganga, qualquer coisa menos vestidos, e qualquer côr menos cor-de-rosa.

O problema é que ela é muitooooooooo elegante (entenda-se: magrita, com uma cintura de vespa que só devia ter lá mais para os 14 anos, sem barriga...) o que nos trás alguns problemitas de logistica na hora de ir às compras. Não há nada que lhe fique bem, as calças para lhe servirem na cintura, ficam acima da canela, e as que lhe servem de altura quase dão 2 voltas à cintura, saias nem pensar, e é sempre uma grande guerra, e eu acabo por me aborrecer e saio sempre das lojas a ralhar com ela que tem que começar a comere mais blá blá blá.

Mas enfim, ela é linda e eu adoro-a e tem coisas mesmo giras.

Ontem quando a fui buscar à escola diz-me ela:
"Amanhã tenho que vestir esta camisola, ou então outra mas tem que ser preta, estes ténis e umas calçar de ganga que podem ser pretas."
"Sim? Porquê?"
"Não te interessa."
Ok!!! Resposta tipica.
"AH! e hoje tens que me pintar as unhas de vermelho."
"Mas para quê? Posso saber?"
"Não. Eu combinei com a Lousa uma coisa amanhã."
"Está bem, depois vemos isso."

Continuamos e ela em silêncio, passado um bocado:
"Onde é que está a tua coisa de pintar os olhos cor-de-rosa?"
"Na casa-de-banho."
"Grande ou pequena?"
"Pequena. Porque?"
"Para saber. A Lousa vai pintar os olhos de verde clarinho e eu de cor-de-rosa clarinho."
"E as unhas também? E a mãe deixa?"
"Sim, a mãe dela deixa-a fazer tudo o que ela quer. E amanhã eu não levo bata."
"Ah deixa? Eu não te deixo fazer tudo o que tu queres."
"Está bem mãe (e isto dito com um tom de enfado) já sei que não me deixas fazer coisas perigosas mas que eu saiba pintar as unhas e olhos não é perigoso."
"Pronto, está bem."
"E o coiso de esticar as pestanas é o meu e o batom vai ser o meu também, pronto, já está tudo."

Chegamos a casa e no meio de conversas eu digo "tá-se bem" e ela:
"Já estás a dizer uma coisa que eu e a Lousa vamos ser amanhã."
"O quê?´"
"Tá-se bem... nós vamos ser radicais."

Hoje de manhã vestiu-se, pintou-se, e ainda me disse que podia usar no cabelo totós ou fita, ou gancho ou rabo-de-cavalo, e lá foi ela para a escola, sem bata claro, toda feliz da vida.

Sei que não devia ter cedido à bata, mas ela estava tão feliz que eu não tive como contrariar.

Faz de conta que é "casual friday" na escolinha.

Tem um dia muito agradável querida filhota.

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